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  • Cleidiane da Silva Cruz

COMO LIDAR COM A PERDA

O que o luto representa em uma história? Qual o peso do luto no momento em que a humanidade passa por um dos períodos mais difíceis de sua história na atualidade? Como lidar com a perda?


A palavra “luto” tem aparecido com mais frequência nos últimos dois anos. Por conta da covid-19, presenciamos muitas perdas de pessoas queridas, além de empregos perdidos e da falta de encontros presenciais. Privações consequentes dessa pandemia que assolou o mundo e que têm refletido diretamente no bem-estar e na saúde mental das pessoas.



Perder alguém a quem amamos, perder uma relação duradoura, perder uma paixão de verão ou perder um objeto muito estimado. A perda provoca uma ruptura forte da nossa estrutura. Segundo a psicanalista Maria Homem, “qualquer perda ou morte desequilibra”.


O luto pode representar o sentir forte de um momento inevitável. E elaborar a perda de alguém ou de uma situação importante na sua história é uma das travessias mais duras que se pode enfrentar. Sente-se um sofrimento intenso, que vem junto a uma reflexão sobre esta posição de impossibilidade que o perder nos coloca, onde não há nada que se possa fazer. Como ressignificar uma dor tamanha que nos coloca em contato com o nosso lado mais vulnerável?


Não existe uma receita pronta que se adeque completamente ao processo de elaboração de luto. Cada processo é único e depende exclusivamente da forma como cada um responde ao que sente. Parece ser simples, mas é complexo e doloroso, porque cada lembrança é percebida com muita dor.


É difícil perceber alguém além do corpo ou de uma circunstância finita. Ainda mais complicado é entender que esse momento de tanto sofrimento pode apontar um recomeço. De forma abstrata, as pessoas são mais do que simples matéria, ou seja, podemos lembrar de alguém pelo seu sorriso, pelo que transmitiu, pelos afetos e ideias que deixou, muito além de vermos ou termos sua presença física. Talvez por isso que o apego nos distancia da essência da vida. “Nós nos apegamos a tudo: às pessoas, roupas, dinheiro, bens materiais que levamos para casa. Mas não é possível segurar o tempo”, diz a autora Ana Claudia Quintana. Esse tempo é constituído por circunstâncias que podem ser representadas ou sentidas de várias formas.


O tempo é sentido nos momentos de sofrimento como uma totalidade que compromete a percepção para possíveis emoções. Quando os espaços se estreitam ao nosso redor e a tudo que é externo ao nosso corpo, nossas ações se expandem e fogem do nosso controle. É como um grito que ecoa para dentro.


Portanto, o momento de perda é percebido como um ambiente sem saída. Só podemos perder o que foi ou que é, o que tem significado e importância na nossa história. Talvez esse seja o ponto de partida para o início de uma elaboração. Entender que memórias podem surgir como a representação fiel do que sentimos por alguém que amamos. Há sempre aquela situação que toca nas lembranças apontando as nossas saudades. Uma data, uma música, aquele momento eventual toca na nossa memória e traz recordações de momentos inesquecíveis, por vezes sabemos lidar com isso, em outros momentos é difícil conter as fortes emoções que nos invadem. Não, o luto não é um processo linear.


Algumas emoções que quem está em processo de luto pode enfrentar:

  • Tristeza;

  • Falta de esperança;

  • Sofrimento;

  • Falta de interesse em realizar atividades do cotidiano;

  • Dificuldade de expressar o que sente;

  • Medo e solidão.

Como já dito, o processo de luto é doloroso, toca emoções profundas, mas é um percurso pelo qual precisamos passar. Sim, passar, pois ter esse entendimento que diz respeito a uma compreensão desse momento como uma etapa é importante. O processo de luto diz da reação à perda. Surge uma sensação que nos leva em direção a alguém ou algo que nos faz falta.


O sofrimento emocional e físico persiste no processo de luto, e se a dor não for aceita, poderá se manifestar de outra forma, ocasionando problemas psicológicos e físicos. Inúmeras pesquisas confirmam que nosso corpo responde de forma intensa a cada sentimento que tentamos ignorar.


Especialista em Luto, Willian Worden propõe quatro tarefas importantes para esse processo, são elas: aceitar a realidade da perda, elaboração do luto, adaptação à nova realidade, encontrar um vínculo ou conexão com o ente querido que partiu.


Uma das atividades que proponho na clínica é sugerir que quem está passando por esse momento tão delicado possa perceber quem ama para além de uma circunstância. Há sempre algo a mais a ser dito sobre quem amamos ou sobre o que sentimos. Assim também como existem memórias que se eternizam nas nossas lembranças. Se temos a oportunidade de escolher o que queremos guardar como afetos, essa é uma sugestão interessante.


Compreender que você precisa realizar algo que te sustenta e sobre essas trocas que a vida pode oferecer, são passos importantes para você prosseguir com o processo de elaboração de luto.


Contudo, buscar ajuda para vivenciar esse processo de forma mais saudável é uma opção interessante a seguir. O atendimento psicológico pode favorecer esse processo, ajudando quem está sofrendo a vivenciar essa fase tão difícil.


São várias questões de como ressignificar melhor a perda. Uma das quatro tarefas propostas pelo especialista William Worden é a necessidade também de encontrar um vínculo duradouro com quem partiu, para que a partir disso possam surgir novos repertórios. Há sempre uma ideia, uma postura, uma forma de expressão que eterniza nossa escrita no mundo.


Uma boa maneira de aprender a lidar com o luto e o processo de aceitação da perda, seja ela qual for, é com a terapia e o atendimento psicoterapêutico. No Amar.Elo Saúde Mental você pode descobrir mais sobre o assunto, marcar e realizar sua consulta, tudo de forma segura, confiável e digital, com acesso de onde estiver, no conforto do seu espaço, com profissionais qualificados a oferecer Cuidado Além da Tela a todos.


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