Burnout é uma expressão derivada do inglês para se referir a algo que parou de funcionar por não ter mais combustível. “Burn” significa em português “queima”, e “out” quer dizer “exterior”.
O termo atualmente também é usado para se referir a condição em que, por conta de um ambiente de trabalho extremamente estressante, uma pessoa acaba exausta, sem forças para encarar o trabalho.
O Burnout compreende basicamente três dimensões: a exaustão emocional, a despersonalização e a diminuição da realização pessoal, tudo isso causado pelo estresse derivado do trabalho.
A exaustão emocional está diretamente relacionada com a falta de esperança, sentimento de raiva, tristeza, irritação e solidão. É como se a pessoa sentisse que não consegue mais ajudar os colegas de trabalho, pois está sofrendo com uma enorme sensação de esgotamento.
A despersonalização está principalmente relacionada à perda da empatia pelas outras pessoas. Fica evidente o cinismo no ambiente de trabalho; o colaborador começa a agir com indiferença frente ao sofrimento dos outros.
Por fim, há também a diminuição do sentimento de realização profissional, que se caracteriza pela forte sensação de incapacidade de realizar seus objetivos e diminuição do valor daquilo que foi conquistado.
Os fatores que influenciam o burnout são causas ambientais, especialmente relacionadas ao ambiente de trabalho, bem mais do que fatores interpessoais, como as variáveis de personalidade e demográficas.
Uma pesquisa realizada por Ana Paula da Cunha e colaboradores, utilizando o método da revisão bibliográfica, chegou inicialmente a um número 2588 publicações sobre o tema e, depois de realizar uma série de filtros, a autora ficou com 21 artigos que respondiam ao seu problema de estudo sobre o burnout.
Ela verificou ainda que, dentro dos estudos analisados, os fatores que influenciam o surgimento do burnout e que mais atuam no desenvolvimento dele são: Sobrecarga de trabalho (24%), condições de trabalho inadequadas (22%), relação interpessoal conflituosa (19%), falta de expectativa profissional (13%), falta de autonomia e ambiguidade de funções (9%) e insatisfação salarial (4%).
Os sinais e sintomas do burnout são vários, podendo aparecer: esgotamento emocional com perda dos recursos emocionais, despersonalização ou desumanização – como já citado – sintomas físicos do estresse como mal estar geral, manifestações emocionais como falta de realização pessoal, tendência de avaliar o próprio trabalho de forma negativa, sentimento de vazio, esgotamento, impotência, baixa autoestima, irritabilidade e inquietação, dificuldade de concentração, baixa tolerância à frustração e até mesmo componentes paranoides e agressivos com os clientes, companheiros e sua própria família.
Outros sintomas que podem ser observados são transtornos psicossomáticos como fadiga crônica, dores de cabeças constantes, dificuldades no sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias e outros. Pode acontecer também perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias e etc.
Algumas manifestações comportamentais também podem aparecer, como possibilidade de comportamentos aditivos e evitativos, consumo de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, faltas ao trabalho, baixo rendimento pessoal, aborrecimento constante, impaciência, sentimentos depressivos e frequentes conflitos interpessoais.
Porém, é importante lembrar que os sintomas citados estão aqui apenas para título de informação e não para autodiagnóstico. O diagnóstico precisa ser feito por um profissional qualificado em Saúde Mental. Todos esses sinais são fruto de pesquisa em artigo científico.
A evolução do quadro sintomático do Burnout possui quatro principais estágios: no primeiro, aparece apenas a falta de ânimo ou prazer para ir trabalhar e as dores nas costas, coluna e pescoço. Se as pessoas perguntam o que a pessoa tem, quase sempre a resposta é “não sei, mas não me sinto muito bem”.
É apenas no segundo estágio que aparece a sensação de perseguição (aqui, normalmente a pessoa evita relacionar-se com os outros), aumentam também as faltas e a rotatividade nos empregos. No estágio três, é possível perceber a diminuição das habilidades ocupacionais e, aqui, também já podem surgir doenças psicossomáticas.
A característica principal do estágio quatro é o surgimento do alcoolismo, uso de drogas e até mesmo ideação suicida. Existem indícios de que nesse estágio podem se instalar as doenças graves citadas nos sintomas acima, como câncer e acidente vascular cerebral. Embora ambos não sejam causados exclusivamente por isso, existem correlações com esse grau de estresse muito elevado que ajudam no surgimento.
O Burnout afeta mais os profissionais que estão na assistência ou que são responsáveis pelo desenvolvimento e cuidado de outras pessoas, ou seja, que precisam lidar diariamente com pessoas; como médicos, enfermeiros, psicólogos, professores, assistentes sociais, agentes penitenciários, policiais, bombeiros, cuidadores de pessoas com doenças degenerativas, entre outros.
É importante também apontar que diversos autores afirmam existir maior incidência de algumas enfermidades mentais nas mulheres, por conta do acúmulo de atividades no trabalho e em casa causadas pelo conflito de papeis, pelo excesso de repressão sobre as mulheres e visões machistas.
É importante trazer esse ponto para refletirmos que, muitas vezes, as mulheres saem do trabalho e ainda precisam cuidar da casa – o que pode aumentar ainda mais o desgaste físico e mental.
Identificar o Burnout nem sempre é fácil, já que ele pode facilmente ser confundido com o estresse, por isso mesmo, o diagnóstico da doença deve ser feita apenas por um médico ou psicoterapeuta, baseado em observações do quadro clínico do paciente.
É necessário frisar também que o estresse não se manifesta somente no trabalho, porém, o Burnout é a doença relacionada à sobrecarga de estresse no trabalho, ou seja, ele só acontece no trabalho. Enquanto outras manifestações do estresse podem ocorrer em outras mais diversas situações.
O combate ao Burnout varia, pois existem muitas formas de fazê-lo. Podemos fazer um trabalho focado no indivíduo e baseado em habilidades comportamentais, meditação, educação em saúde e atividade física, que mostram resultados muito positivos nesse combate, a pessoa pode também precisar fazer uso de medicação.
Em relação à organização, é possível fazer ações de melhoria da comunicação e trabalho em equipe, entre outras ações. Em alguns trabalhos, é possível também fazer uma avaliação do grau de saúde emocional dos colaboradores e da empresa, assim como recomenda-se uma pesquisa sobre a qualidade de vida nesse ambiente corporativo, a fim de buscar um diagnóstico e propor ações para a melhoria e prevenção da saúde mental dos colaboradores.
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